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Prof. Luciano Pontes é premiado em duas competições internacionais realizadas durante o isolamento social

Em 11/01/21 16:47.

O professor de viola da EMAC/UFG foi o único sul-americano premiado em dois concursos internacionais 

Desde o início da pandemia da Covid-19 em 2020, a UFG e demais universidades públicas brasileiras agiram rapidamente adotando medidas de segurança para minimizar os riscos de contágio pelo coronavírus. As ações incluíram suspensão e, posteriormente, a flexibilização em formato remoto de aulas e atividades acadêmicas.

Nesta nova realidade, muitos discentes e docentes da UFG depararam-se com a necessidade de reformulação em suas rotinas de estudo, dentre estes, o professor de viola da EMAC/UFG, Luciano Pontes. "Apesar da triste realidade que vivemos atualmente com a pandemia da Covid-19 envolvendo dificuldades econômicas e muitas situações de luto, crises sociais podem ser momentos que propiciam crescimento e aprendizado e oportunidades como, por exemplo, participar de competições em formato on-line. Como eu acabo ficando mais tempo em casa, tenho a oportunidade de estudar mais meu instrumento, realizar leituras e aprender coisas novas".

Desde o início do isolamento social global no primeiro semestre de 2020, Luciano participou de duas competições realizadas on-line sendo premiado em ambas as categorias nas quais concorreu. O professor concedeu uma entrevista à Ascom Emac explanando sobre como foi sua preparação e participação nestas competições durante a pandemia da Covid-19. Confira abaixo trechos da entrevista. 


Fale um pouco sobre a última edição do Bolder Bach Competition, realizada de maio a agosto de 2020, na qual venceu a categoria "Favorito da Audiência - nível profissional".
A Bolder Bach Competition foi organizada pelo Bolder Bach Festival - EUA. Na última edição, em 2020, este concurso contava com 273 músicos de 39 países (assista aos vídeos dos vencedores Aqui), sendo que fui um dos dois brasileiros e também sul-americanos a disputar. Um dos prêmios oferecido era o Favorito da Audiência em cada categoria e a disputei na  profissional. Os vídeos dessas apresentações foram disponibilizados na plataforma do YouTube e aqueles que receberam mais votos do público através de likes foram os vencedores. Eu tive a honra de ser o vencedor deste prêmio na referida categoria que participei. Meu vídeo (assista abaixo) foi o que recebeu mais curtidas dentre todos os 273 músicos que concorriam.


E como foi o segundo concurso que participou durante a pandemia? O VI The North International Music Competition, realizado de 01 de setembro a 16 de dezembro de 2020? 
Este foi organizado na Suécia, com candidatos de 35 países diferentes; concorri na categoria XI - Solista, na qual ganhei o segundo prêmio, não houve primeiro e nem terceiro. Dentre todos os violistas que concorreram, apenas eu fui premiado na categoria XI/Viola, sendo o único violista premiado no concurso, e também o único brasileiro, sul-americano e violista a estar entre os premiados em todo o concurso (para saber mais sobre a competição acesse Aqui). 

                        
Vídeos da performance do professor Luciano Pontes avaliada pelos jurados do concurso. A partir de vídeos como estes enviados pelos candidatos, os premiados foram escolhidos.
                                                      

Quais foram as premiações que recebeu nos dois eventos?
A principal premiação de um concurso internacional, em minha opinião, não é o dinheiro que se ganha, mas a divulgação e trabalho que normalmente acontece a nível internacional, além do prestígio no meio musical e respeito das pessoas, sem falar que o currículo agradece muito uma premiação como esta. A Bolder Bach Competition pagava prêmio em dinheiro, divulgação da imagem e dos vídeos dos vencedores em meios de comunicação. Com relação a VI The North International Music Competition, é o mesmo caso do prêmio anterior, a premiação oferecida não se compara com o prestígio que se adquire sendo premiado em eventos desta natureza. Por exemplo, este último concurso dava como prêmios diplomas de honra ao mérito, divulgação da imagem, currículo e do trabalho dos vencedores em mídias de divulgação pela internet. 


Como foi sua preparação para as duas competições?
A Bolder Bach Competition exige mais quantidade de estudo, foco e dedicação, e me preparei em casa mesmo. Este concurso era para intérpretes da música de Johann Sebastian Bach, então escolhi três movimentos da Suíte n. 01 em Sol maior para viola solo. Para a VI The North International Music Competition, enviei o Capricho para viola solo de Henri Viextemps e dois movimentos da Suite n. 01 para viola solo de Bach. O nível dos candidatos nas duas competições em que fui premiado era bastante alto, pois eram competidores oriundos de país com maciças doses de investimentos em música. Países como China, Japão, Coréia, Alemanha, Rússia etc, tem escolas de músicas com estruturas fantásticas que oferecem ao aluno uma condição de preparação para uma competição internacional muito diferenciada em relação a outros países. Este alto nível de competitividade tornou a minha preparação muito mais detalhada, cuidadosa e intensa quanto a qualidade e a quantidade nas horas de estudo. 


Nas competições internacionais, muitos candidatos provém de países que investem em cultura e música de forma mais sistemática que o Brasil, em sua opinião, como poderemos contornar essa realidade?
Na minha opinião são duas coisas, e a primeira é investimento. Com mais investimento cria-se mais oportunidades, tanto para artistas, como para as pessoas acessarem cultura e música. A segunda seria consequência da primeira, se você cria mais oportunidades de acesso à cultura e música você fomenta nas pessoas maior interesse não apenas por assistir música, dança, teatro ou outra arte, mas cria-se também o interesse nelas por ingressarem em escolas, centros de artes, universidades, centros culturais com o propósito de não serem apenas espectadoras, mas também fazerem a sua arte. 

Qual sua opinião sobre as oportunidades de estudos da música no Brasil e em Goiás?
Embora a nossa realidade cultural e musical brasileira ainda não esteja no nível de outros países citados anteriormente, temos melhorado substancialmente neste quesito. Por exemplo, as universidades públicas tiveram investimento nos últimos anos nas áreas de pesquisa, extensão e ensino. Parte destes investimentos é usado em projetos de extensões que possibilitam a comunidade acessar o estudo da música. Alguns deles são gratuitos outros com custos baixos, como por exemplo a Academia de Música e as Oficinas de Música da EMAC/UFG, entre outros projetos residentes nas demais universidades públicas e em outras instituições que oferecem também oportunidades de acesso ao estudo da música. Embora ainda no Brasil carecemos de uma maior atenção em relação a música, várias instituições, como a nossa EMAC por exemplo, têm conseguido realizar um ótimo trabalho de formação de alunos que tem se destacado a nível internacional e nacional em audições e concursos.  


Em sua carreira, já venceu cinco prêmios nacionais como violinista e três internacionais como violista, sendo um dos músicos goianos mais premiados em sua área. A formação na UFG contribuiu de que forma em seu percurso?
Já tinha sido agraciado com cinco prêmios nacionais como violinista ao longo da minha carreira e agora tenho a honra de estar sendo premiado internacionalmente como violista. Estes dois prêmios de 2020 se juntam a um que ganhei em 2016 em Nova York e que na ocasião me valeu uma performance no Carnegie Hall. Sou filho da UFG em todos os meus níveis de formação: bacharel em música pela Escola de Música e Artes Cênicas - EMAC/UFG na classe de violino do professor Alessandro Borgomanero (ainda em atividade), mestre em música pela EMAC (sob orientação da professora Glacy Antunes, professora emérita da UFG e ex-diretora da EMAC) e faço doutorado em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da UFG, sob orientação do professor Sebastião Rios, músico e sociólogo. Eu me sinto privilegiado em ter toda minha formação em Goiânia e na nossa cara UFG, instituição na qual sou professor desde de 2016. 


Que mensagem deixaria para um jovem, uma jovem que deseja seguir carreira de musicista profissional no Brasil? 
Eu deixaria uma mensagem baseada na minha experiência. Primeiramente é necessário ter uma formação básica e superior em música. Uma formação superior oferece uma base de conhecimentos muito sólida que propiciará uma gama de possibilidades quanto a atuação no mercado de trabalho. Abre também a possibilidade de empregos em instituições públicas, seja para performer, professor, arranjador, regente etc. Em segundo plano é preciso ter coragem, foco e disciplina. Em terceiro, o nível e qualidade da nossa carreira depende em boa parte do nível de seriedade que encaramos a nossa formação. 

Assim como o professor Luciano Pontes, dois alunos da EMAC/UFG que participaram de concursos realizados em formato remoto em 2020, receberam prêmios e boas colocações. Para ver as três notícias relacionadas, acesse: 1) Aluno do curso de Música Bacharelado da EMAC, Nícolas Porto Silva, vence o I Concurso Nacional Virtual de Violão 2) Alunos da EMAC vencem primeiro e segundo lugares no II Concurso Nacional de Violão AssoVio Vertentes 3)EMAC tem dois finalistas no concurso World Bach Competition

Fonte: Ascom EMAC/ Fabrícia Vilarinho

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